Minha primeira crônica

Já disse outras vezes por aí e vou repetir: meu gênero literário predileto é a crônica. Muito por causa das minhas primeiras leituras feitas “a sério”, digamos assim – ou, melhor dizendo, feitas conscientemente, sem a imposição de professores do colégio ou mesmo da faculdade.

Entre essas primeiras leituras estão obras de Fernando Sabino, Carlos Heitor Cony, Luis Fernando Verissimo e Rubem Braga. E gostei tanto do que li que tentei escrever crônicas, mas os textos resultantes dessas tentativas foram constrangedores. Alguns até foram publicados, mas felizmente o tempo e a internet fizeram com que eles desaparecessem.

Foi, aliás, por esse motivo, por tentar imitar esses grandes cronistas, que me afastei por um bom tempo da crônica. Passei anos sem ler uma coletânea de cabo a rabo. Cheguei a vender o exemplar que tinha das “Cem melhores crônicas brasileiras do século”, meio como forma de romper o laço imaginário que me prendia ao gênero – é lógico que agora percebo o quão infantil fui ao pensar dessa forma, mas enfim.

Há pouco mais de um ano, voltei a me aproximar da crônica. Autores que muito estimo, tanto por suas obras quanto pelas pessoas que são, passaram a escrever crônicas. Outros já eram cronistas, mas só fui conhecê-los recentemente, e, ao me aproximar deles, me aproximei também do que eles escrevem. Além disso, há o fato de que venho tentando criar o hábito de acessar mais os sites de alguns jornais, principalmente do Estado de São Paulo e da Folha de São Paulo, que abrigam em suas páginas alguns dos melhores textos do país – no primeiro, estão Sérgio Augusto, Humberto Werneck e Milton Hatoum; no segundo, Antonio Prata, Ruy Castro, Carlos Heitor Cony e Janio de Freitas. Isso para citar os que leio com certa frequência.

Nesses pouco mais de 12 meses, minhas estantes foram recheadas por vários livros do gênero. Estão aqui coletâneas de textos de Ivan Angelo, Humberto Werneck, Luís Henrique Pellanda, Antonio Prata, Ronaldo Correia de Brito, Milton Hatoum e Cristovão Tezza, para citar os vivos; Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Vinicius de Moraes, Moacyr Scliar e Carlos Drummond de Andrade, para citar os que já nos deixaram. E haveria ainda mais, se o dinheiro e o tempo deixassem, pois me faltam o último do Ruy Castro, os últimos do Verissimo, do Zé Castello, do Silviano Santiago e da Claudia Lage.

Lendo mais crônicas, voltou a vontade de tentar novamente escrevê-las. Esta é a primeira tentativa, e outras virão. Não tenho a menor ideia de como serão ou sobre o que serão as próximas, não farei planejamento algum. Apenas tentarei preencher uma página do Word com cerca de 2.800 caracteres – decidi ter esse número como referência porque é esse o espaço que tem o Cristovão Tezza no jornal paranaense Gazeta do Povo – que façam algum sentido.

Espero ser bem-sucedido nessa empreitada. Torçam por mim.

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