Laços, de Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi

LaçosAssim como milhares de pessoas, cresci lendo os gibis da Turma da Mônica, e durante anos me diverti com os personagens criados pelo Mauricio de Sousa. Com o Cebolinha trocando os “erres” pelos “eles” e bolando os mais mirabolantes planos infalíveis contra a Mônica, o Cascão com seu pavor de água, o Chico Bento fugindo da escola para roubar goiaba, o Xaveco e suas engraçadas aparições relâmpago e, claro, a Mônica com seu pavio curto e a Magali com sua fome infinita, além de outros personagens.

Mas o tempo passa, a gente cresce e acaba se afastando dos gibis. Felizmente, alguém parou para pensar em nós, que envelhecemos e carregamos conosco a saudade da Turma. Imagino que foi assim que se deu a criação da coleção Graphic MSP, que abriga pequenas graphic novels com personagens da Turma da Mônica escritas por nomes de destaque dos quadrinhos brasileiros.

A primeira GN lançada foi “Astronauta Magnetar”, de Danilo Beyruth, que em breve chegará às minhas mãos. Em maio deste ano saiu “Laços”, dos irmãos mineiros Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi, que descobri por acaso na minha última ida à minha banca de revista predileta (a saber, para quem é de Feira de Santana: ela fica em frente à padaria Kairós da avenida Getúlio Vargas). E, segundo informações que colhi no Google, até o fim do ano sai “Pavor espaciar”, de Gustavo Duarte, que terá Chico Bento como protagonista.

O enredo de “Laços” é bem simples: Floquinho, o cachorro do Cebolinha, sumiu, e os quatro amigos – Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali – saem em busca dele. Já nas primeiras páginas o leitor se emociona: Cebolinha, ainda um garotinho, é acordado pela mãe. À sua espera, um presente, trazido pelo pai. É o Floquinho, ainda filhote. No fim da página, duas frases simples, mas cheias de sentimento: “É um cachorro, filho. Ele vai ser o seu melhor amigo”.

A amizade, aliás, é o fio condutor da história. Mesmo sendo vítima dos planos infalíveis de Cebolinha e Cascão, Mônica nutre por ambos um carinho infinito, e aceita ajudá-los na busca pelo cãozinho, com Magali a tiracolo, claro. A propósito, “Laços” termina com os irmãos Cafaggi contando como os quatro amigos se conheceram, nas talvez mais belas páginas da história.

“Laços” tem pouco mais de 70 páginas, e escrever muito sobre o enredo estragaria a surpresa do leitor que tenha curiosidade em lê-la. Por isso, me limitarei a apontar as características que mais me impressionaram nesse trabalho dos irmãos Cafaggi.

Primeiro, o visual. Tem alguma coisa de mangá, lembra quadrinhos um pouco antigos, mas ao mesmo tempo é moderno. O cabelo do Cascão, em estilo mezzo moicano, é emblemático. Depois, o texto, que é muito bom, além de ser emocionante em alguns momentos. Por fim, as referências que os autores fazem a detalhes da história da Turma da Mônica e de seu criador, explicadas num providencial extra ao fim da história.

A edição que encontrei na banca, em brochura, custa módicos R$ 19,90. Um valor ínfimo, se comparado à beleza dessa singela graphic novel que eu li, reli, e em breve lerei novamente.

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