A curiosa dinâmica dos livros

Sebo Al-Farabi, no Rio de Janeiro, que tem como um de seus clientes mais ilustres o escritor Alberto Mussa.

Como a maioria de vocês sabe, coloquei um bocado dos meus livros à venda. Na verdade, faz anos que venho vendendo alguns livros meus, mas no começo eu só vendia pela Estante Virtual, e a quantidade era relativamente pouca. Alguns anos depois, decidi criar um blog destinado para isso, em vez de ficar restrito à EV. Deixei essas vendas de lado por um tempo mas, nos últimos meses, pela força das circunstâncias, voltei à carga, aumentando substancialmente a quantidade de livros e investindo um pouco mais de tempo na divulgação deles. As vendas estão acontecendo, felizmente, e aos poucos vou despachando alguns volumes para todos os cantos deste nosso Brasil. Mas uma coisa tem me deixado bastante intrigado.

Alguns dos livros que coloquei à venda são obras que, numa livraria, teriam venda certa. Porém, no que chamo de “meu mini sebo”, elas estão “encalhadas”. Em contrapartida, foram vendidos rapidamente livros que, numa livraria, estariam encalhados.

É claro que um livro ser bem-sucedido no exterior, como “O chamado do cuco”, de J.K. Rowling, não é garantia que ele vá ser sucesso por aqui – na verdade, não há garantia de sucesso nem mesmo dentro do mesmo país; um livro pode vender muito aqui na Bahia mas pouquíssimo em São Paulo, por exemplo. Podemos dizer que existe uma espécie de curiosa e indecifrável dinâmica no mercado livreiro, e esse é o motivo da minha cara de interrogação.

Darei alguns exemplos. “O poder do hábito”, de Charles Duhigg, passou mais de 15 dias no sebo, sem que ninguém se interessasse por ele. Nesse espaço de tempo, certamente seria vendido numa livraria de movimento interessante. A “culpa” não pode ser do preço. Afinal, o livro é novo, e o valor estava bem abaixo do preço de capa – ele custa R$ 39,90 e eu estava vendendo por R$ 30,00, envio incluso (sim, estava, porque desisti de vendê-lo). Há casos mais curiosos ainda, como os dos livros “A cabana”, de William P. Young, e “Querido John”, de Nicholas Sparks. Ambos são best-sellers e estão sendo anunciados há meses, com preços bem abaixo do preço de tabela.

Que as dinâmicas de sebos e livrarias são bem distintas não é novidade para mim. O que me deixa encucado é que tenho feito a divulgação do meu mini sebo nas redes sociais – especificamente Twitter e Facebook, sendo que as pessoas com as quais tenho relações em ambas as redes são pessoas que costumam frequentar livrarias, ou gostam de ler. Além disso, tenho divulgado o endereço do mini sebo em grupos do Facebook que têm a ver com livros e literatura. Existem alguns feitos especificamente para a compra, venda e troca de livros, mas também tenho feito anúncios em grupos de alunos e professores de Letras, e em grupos destinados a vendas de todo o tipo, de diversos lugares do país. Ainda assim, as vendas não ocorreram da forma que eu esperava.

Talvez eu esteja sendo otimista demais – ou ansioso demais. Hoje, por exemplo, enquanto eu escrevia este e outro post – a ser publicado na próxima semana – dois livros foram vendidos (a saber: “Três tristes tigres”, livraço de Guillermo Cabrera Infante, e “Ensaio geral”, de Nuno Ramos). Foi um dia bom, afinal. Se por dia eu vendesse dois livros, em dois meses eu não teria mais meu mini sebo.

Isso seria sensacional.

(Sebo Al-Farabi)

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