Ainda o Charlie Hebdo

Charlie2[1]Saiu ontem o novo número do Charlie Hebdo. A capa é a imagem acima. O “Créve Le Pen” em destaque, numa tradução literal, seria algo como “Coaxem, Le Pen!”, e os rostos desenhados são de Marine Le Pen, política da extrema direita na França, e seu pai Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional.

(Talvez a escolha dos Le Pen para a capa seja também uma forma de alfinetar os autores da PEN American Center que se colocaram contra a premiação concedida ao jornal pela associação americana. Mas aí já é especulação.)

Somente a título de curiosidade, a Frente Nacional foi fundada por Jean-Marie e por ele presidida até 2004, quando sua filha assumiu o comando. Agora, ela decidiu expulsar o próprio pai do partido e proibi-lo de falar em nome da sigla. O conselho do partido aprovou a expulsão por sete votos a um.

Na frase acima das caricaturas, lê-se: “Todd n’est pas Charlie. Tant mieux!” (“Todd não é Charlie. Melhor assim!”). É uma provocação ao historiador francês Emmanuel Todd – surpreendentemente dito de centro-esquerda – que em março lançou “Quem é Charlie?”, livro que critica o slogan “Je Suis Charlie” (“Eu sou Charlie”), utilizado em todo o mundo por aqueles que demonstraram apoio irrestrito ao jornal e à liberdade de expressão. Mais detalhes nesta matéria do New York Times.

Apesar da tragédia e das críticas, o Charlie Hebdo não perde sua veia crítica, seu humor afiado e destemido. Melhor assim!

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Link do NY Times via Twitter do jornalista Philip Gourevitch.

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