Tudo pelo poder

TudopelopoderNa política, até os mocinhos são bandidos. É o que nos diz o filme “Tudo pelo poder”, dirigido por George Clooney e protagonizado por ele e Ryan Gosling.

Clooney interpreta Mike Morris, governador da Pensilvânia, que deseja concorrer à presidência dos Estados Unidos pelo partido Democrata. Para atingir seu objetivo, ele precisa vencer a disputa interna com Ted Pullman, senador do Arkansas.

Apesar de Morris ter dois dos melhores assessores de campanha do país – Paul Zara e Stephen Meyers, papéis de Philip Seymour Hoffman e Ryan Gosling, respectivamente -, contam contra ele sua aparente integridade e a recusa em fazer alianças escusas para facilitar seu caminho (é isso mesmo que você leu: as virtudes são obstáculos).

O candidato interpretado por Clooney é claramente inspirado em Barack Obama. Além da imagem estilizada, à la Obama, de um poster de campanha, estão entre suas bandeiras o desenvolvimento sustentável e os investimentos em tecnologia que Obama defendeu e ainda defende, porém sem o mesmo ímpeto e a aura de inovador que tinha durante sua primeira campanha para a presidência.

Stephen, que, apesar de jovem, já havia trabalhado em várias outras campanhas antes – em determinado momento ele diz que já trabalhou mais no meio político do que muitos assessores mais velhos -, vê em Morris o candidato perfeito, o único que poderá fazer algo de diferente se chegar à presidência do país. Só para fazer mais uma referência a Obama: era o que muitas pessoas pensavam dele. Stephen chega a dizer que não precisa mais jogar sujo, como fazia anteriormente, afinal, ele agora tem Morris.

Morris

As coisas começam a degringolar quando Stephen aceita se encontrar com Tom Duffy, interpretado por Paul Giamatti, assessor de campanha do candidato opositor. No encontro, Duffy convida Stephen a mudar de lado, proposta que é recusada imediatamente. Além disso, Duffy revela que eles conseguiram um importante apoio para a campanha, que provavelmente garantirá a vitória de Ted Pullman: o senador Franklin Thompson, com quem, longe dali, Paul Zara estava conversando naquele momento, tentando conseguir seu apoio.

Ao saber do encontro de Stephen com Duffy, e de que fez papel de bobo diante de Thompson, Zara começa a se movimentar para forçar a saída de Stephen da campanha. Enquanto isso, Stephen descobre que o governador se envolveu com uma das estagiárias do comitê e a engravidou. É o fim do seu encanto por Morris, e o começo de uma reviravolta no filme.

Apesar de Philip Seymour Hoffman ter sido indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante e Ryan Gosling ao Globo de Ouro de melhor ator por suas interpretações, o filme não abre espaços para grandes atuações. As interpretações são ótimas – mas há exceções; Marisa Tomei, que faz a jornalista Ida Horowicz, e Ewan Rachel Wood, que faz a estagiária, não estão bem em seus papéis -, porém não chamam tanto a atenção. O maior trunfo de “Tudo pelo poder” é mostrar ao espectador como é sórdido o meio político e do quanto um candidato, por melhor que ele possa ser, precisa abrir mão para chegar ao poder.

Uma das falas mais emblemáticas do filme, e a que talvez mais represente o seu significado, sai da boca de Ida Horowicz, numa conversa com Stephen, ainda nos primeiros minutos. Ele diz que Morris tem que ganhar as eleições, e ela responde que, se ele ganhar, “Não vai mudar nada, nadinha, no dia a dia do cidadão comum que acorda, trabalha, come, dorme e vai trabalhar de novo”. Mais adiante, faz uma previsão, que pode ser aplicada a praticamente todos os políticos do planeta. E, apesar de ainda ter esperanças de um mundo – e, claro, de uma política melhor -, encerro este post com ela: “Ele é um cara legal. Todos eles [os políticos] são legais. Mas ele vai desapontar você. Cedo ou tarde”.

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