Pedras no caminho

"Não há nenhum conforto, nem em cima nem embaixo, apenas nós, pequenos, solitários, lutando, brigando uns com os outros. Eu rezo para mim mesmo, por mim mesmo".
“Não há nenhum conforto, nem em cima nem embaixo, apenas nós, pequenos, solitários, lutando, brigando uns com os outros. Eu rezo para mim mesmo, por mim mesmo.”

O verdadeiro aprendizado, aquele que te faz enxergar melhor as coisas, aquele que te faz crescer como pessoa, quase sempre vem a duras penas. Em outras palavras, de grandes quedas. É claro que seria muito mais fácil aprendermos com os erros dos outros; seria muito mais fácil levarmos a sério alertas e conselhos que nos dão aqueles que se importam conosco. Mas, se assim fosse, não seguiríamos a nossa natureza, que é a de, geralmente, complicar as coisas.

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Nos últimos meses assisti às duas temporadas de uma das séries mais comentadas da atualidade, “House of Cards”. Pretendo escrever mais sobre ela futuramente, por isso esta menção não será acompanhada de maiores detalhes. Mas um dos maiores trunfos da série – ou o maior – é o protagonista da história, Frank Underwood, interpretado de maneira magistral por Kevin Spacey. Político inescrupuloso e incrivelmente astuto, Underwood não mede esforços para atingir seus objetivos. Não importa quem ou o que esteja à sua frente, ele simplesmente joga para longe as pedras no seu caminho.

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Sou conhecido por tentar sempre contemporizar as situações, encontrar maneiras de conflitos serem solucionados. Alguns, na falta de melhor termo para se referirem a essa minha característica apaziguadora, chamam-me de pacifista. O que, para mim, é um exagero, claro. Não nego que procure ser razoável, mas pacifistas lutam contra guerras. Eu apenas tento dar bom senso a pessoas próximas a mim que, por alguma razão, saíram do sério.

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Durante muito tempo eu mediei um conflito que tenho comigo mesmo. Sempre tentei conciliar meu eu interior com meu eu exterior, digamos assim. A minha consciência versus a minha inconsequência. Meus pensamentos versus minhas ações. Os segundos sempre vencendo os primeiros. O idiota sobrepondo-se ao sensato. Acabei criando um monstro dentro de mim. E nem mesmo todos os conselhos, alertas e consequências do mundo conseguiram vencê-lo.

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Apesar de Frank Underwood ser um péssimo exemplo como político – ou um excelente exemplo, isso depende do ponto de vista, afinal, ele é um exímio articulador e um estrategista nato -, tenho me inspirado em sua determinação para resolver meus conflitos. Como disse, Frank atira para longe as pedras que aparecem em seu caminho, não importando quem ou o que sejam essas pedras. Trata-se de uma ficção, mas sabemos que, no mundo da política e dos negócios, existem pessoas que agem assim. No meu caso, felizmente, não se faz necessário atingir outras pessoas. E eu não seria capaz disso. As pedras no meu caminho são as minhas ações. E não vou hesitar – não estou hesitando – em chutá-las para longe.

2 Replies to “Pedras no caminho”

  1. Olá Rafael, muito prazer. Eu sou coreano e eu gosto de cultura brasileira como música, literatura e cinema. Quando eu pesquisei blog sobre cultura brasileira, eu encontrei seu blog e achei que muito legal!.
    Eu também assisti “House of card”. Acho que o político é uma luta para ganhar um poder, porque através de poder, pode ganhar o que deseja. Além disso, ser humano sempre faz alguma coisa acordo com um desejo. Mas o problema do moral sempre ajuda a considerar um consciência.
    Se eu tiver uma pedra no meu caminho, eu também concordo com vc. Não pode parar por causa da pedra. Porém, no casa Frank, só mostrou uma pessoa desejada sem a consciência. Na minha opinião ele é somente um “sociopath”

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