Lembranças de livrarias

14425450_10205315051834321_3702435797892120389_oTodo leitor analógico inveterado tem boas – ou más, vai saber – lembranças de livrarias. Além de ser um leitor analógico inveterado, tenho o que talvez possa ser chamado de fetiche por livrarias e, quando viajo, faço o possível para conhecer no mínimo um estabelecimento na cidade.

Pois bem. Nos últimos dias, aconteceu aqui na cidade a nona edição da Feira do Livro, evento que, felizmente, supera expectativas de público ano após ano. Lá, no stand da livraria LDM, de Salvador, encontrei dois livros que queria ter faz tempo: “Hiroshima”, de John Hersey, e “A Rainha dos Cárceres da Grécia”, de Osman Lins (cada um por inacreditáveis dez reais).

Isso me fez lembrar de uma lojinha que a LDM tinha na UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), séculos atrás, e de minhas constantes visitas a ela. Era só uma espécie de quiosque, não havia grande quantidade de livros por lá, mas volta e meia eu a visitava.

Não recordo quantos ou quais livros comprei nessa LDM, mas tenho quase certeza de que lá adquiri os “Melhores contos de Osman Lins”, livro que li há muito tempo e tenho muita vontade de reler.

Lembrei, também, de uma das recordações literárias mais vivas que tenho. Dela, sei mais detalhes, como data, hora e local, confirmados após rápida pesquisa: manhã do dia 23 de julho de 2005, filial da LDM do bairro Piedade, em Salvador – loja que, infelizmente, fechou há algum tempo.

Não gosto de ir a Salvador, mas, naquele dia, meu ex-professor de literatura Mayrant Gallo estava lançando um livro de contos, o excelente “Dizer adeus”, publicado pela Edições K, e eu fui prestigiá-lo. Havia bastante gente no lançamento e, como estava sozinho, aproveitei para espiar os livros nas estantes.

Um deles me chamou a atenção pelo título: “O livro dos homens”, de um autor que, naquela época, eu não conhecia, Ronaldo Correia de Brito. A obra fora publicada naquele ano pela editora Cosac Naify, mesma casa que, em 2003, publicara “O inédito de Kafka”, outro excelente livro de contos de Mayrant. Perguntei, então, ao mestre Gallo se ele conhecia aquele livro. A resposta não foi apenas afirmativa, foi também “recomendativa”.

Se eu não tivesse comprado o livro do Ronaldo naquele dia, essa lembrança não seria tão significativa – sem desmerecer o lançamento em questão, é claro. Ela é tão marcante para mim, penso eu, porque depois de ler “O livro dos homens” tentei – e consegui – conversar por email com o Ronaldo, e passamos a nos corresponder com alguma frequência. Anos depois, tive a felicidade de conhecê-lo pessoalmente e de, mais tarde, visitá-lo em Recife. Estou em débito com Ronaldo, inclusive, pois não li suas obras mais recentes, apesar de ter comprado todas. Quero acreditar que há tempo de sobra para corrigir isso.

Tenho um carinho especial por essa lembrança de livraria, mas é óbvio que ela não é a única. Foi numa livraria – a filial da alameda Lorena, em São da Paulo, da Livraria da Vila – que conheci, ainda que mui rapidamente, o escritor Ivan Angelo; na Cultura do Conjunto Nacional passeamos e conversamos, Cassia e eu, com Humberto Werneck, que também nos acompanhou numa rápida porém muito divertida excursão à filial da FNAC da avenida Paulista; em João Pessoa, passávamos – novamente Cassia e eu – todos os dias em frente à charmosa e aconchegante Zarinha, onde compramos vários livros; e por aí vai.

E você? Qual(Quais) a(s) sua(s) lembrança(s) de livraria?

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